Xiaomi não prevê lançamentos; Sony deixa de produzir e inicia importação.
Questões tributárias estão no centro do afastamento das empresas do Brasil.
Smartphones Xperia X, da Sony, e Redmi 2 Pro, da Xiaomi. (Foto: Divulgação/Sony; Divulgação/Xiaomi) |
Duas grandes fabricantes de smartphones, a chinesa Xiaomi e a japonesa Sony adotaram estratégias que sinalizam um distanciamento do Brasil. A Xiaomi informou não pensar em lançar novos modelos no país no curto prazo. Já a Sony abandonou a fabricação local e passou a importar celulares. Os anúncios foram feitos no momento em que o consumidor passa a comprar aparelhos mais caros e fabricados no país.
Xiaomi sem lançamentos
O recuo da chinesa ocorre pouco menos de um ano após a estreia no Brasil. “A Xiaomi não está deixando o país”, explica a empresa, por meio de nota enviada ao G1. “Com as mudanças constantes nas regras de fabricação e na tributação para as vendas via e-commerce no Brasil no final de 2015 e que ainda não estão solidificadas, a Xiaomi optou então por não fazer novos lançamentos no país no curto prazo.”
As alterações a que a fabricante se refere são a nova forma de partilha do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) entre estados, que afetou sobretudo empresas de comércio eletrônico. A empresa vendia seus celulares apenas pela internet.
A Xiomi acrescentou que outra das razões da mudança de rumos foi a volta da cobrança de PIS/Cofins de bens de informática e telecomunicações, a chamada “Lei do Bem”. O último aparelho a ser lançado no Brasil foi o Redmi 2 Pro, em outubro. De lá para cá, apresentou outros celulares, como o MI5 e o Mi Max.
Sony inicia importação
A Sony também citou a extinção da isenção do tributo para computadores e smartphones que custassem até R$ 1,5 mil entre os motivos para se afastar do Brasil. Os novos Xperia X e Xperia XA, lançados neste mês, são importados e fazem parte dessa estratégia.
“A lei do bem foi suspensa e só temos produtos acima de R$ 1,8 mil, então decidimos importar esses modelos”, conta Ana Peretti, diretora de marketing da Sony.
Ela explica ao G1 que a decisão foi tomada “tendo em vista todo o cenário macroeconômico do Brasil”, mas evita dizer que a crise tenha contribuído com a decisão de a empresa se afastar do Brasil.
O que pesou mesmo, diz, foi a tentativa de tornar a distribuição mais flexível. “Quando a gente fabrica aqui, o tempo para eu reagir à demanda aumentada. Por exemplo, demora mais para aumentar minha oferta do que quando ela é importada”, explica Peretti.
O novo posicionamento foi iniciado com Xperia Z5 e Z5 Premium, lançados em março deste ano. Até a guinada, os celulares da Sony eram fabricados no Brasil de forma terceirizada por Foxconn, em Indaiatuba (SP), e Arima, em Jundiaí (SP).
Sai interior de SP, entram China e Tailândia
A produção dos novos foi direcionada para fora do país. O Xperia X é fabricado na Sony da Tailândia. Já o Xperia XA continua a ser montado pela Foxconn, mas por uma das fábricas da empresa na China.
Peretti explica que o intuito da Sony é focar no segmento de smartphones mais caros. O Xperia X custará R$ 3,8 mil e o XA vai sair por R$ 1,8 mil. A faixa dos aparelhos com valor acima dos R$ 3 mil é a segunda que mais registra vendas no Brasil.
Segundo a consultoria de tecnologia IDC, que acompanha o mercado, a venda de unidades com esse preço cresceu 101% em relação ao mesmo trimestre de 2015. No mesmo período, a comercialização dos celulares entre R$ 1,6 mil e R$ 2 mil subiu 50%, o terceiro maior crescimento.
Apesar de apostar nas categorias de preço que mais vendem, a Sony muda no momento em que o brasileiro compra mais smartphones "nacionais". Em 2015, 91,4% das unidades vendidas no país foram feitas internamente.
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